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Sobre o Acompanhamento Terapêutico

  • Foto do escritor: somap22
    somap22
  • 28 de dez. de 2022
  • 2 min de leitura

O Acompanhamento Terapêutico, ou A.T., é uma modalidade de tratamento clínico relativamente nova, que ultrapassa as paredes do consultório e acompanha o paciente em seu encontro com "mundo lá fora". Especialmente em situações onde há perda parcial ou dificuldade no contato com a realidade, o A.T. se torna um grande aliado ao tratamento mental. Assim, o A.T. não é qualquer tipo de acompanhamento psicológico, como o nome pode sugerir, muito pelo contrário. Consiste em uma clínica bastante singular, voltada para o acompanhamento do sujeito em situações de sua vida cotidiana.


No A.T. não existe um formato terapêutico pré-estabelecido. Os encontros podem acontecer em locais como cafés, cinemas, teatros, ou até mesmo na ida ao banco para resolver pendências. Quaisquer situações ou contextos que possam ser favorecidos pela presença do acompanhante terapêutico junto a seu acompanhado podem ser viáveis, a depender da relação que se estabelece entre o sujeito e seu terapeuta, e vice-versa, e a partir das demandas apontadas ao longo do tratamento.


Existem condições psíquicas que geram dificuldades em manter as redes sociais e a manutenção das atividades cotidianas, por exemplo, situações nas quais o acompanhamento terapêutico pode ser muito benéfico. Ao passo que o psicólogo ou psicanalista acompanha o sujeito em situações de seu cotidiano, fornece não apenas um suporte mental e social, através de sua presença, mas, também, sua escuta clínica, o que possibilita intervenções cuidadosas e potencialmente produtivas.

Este modelo terapêutico surge, historicamente, a partir das dificuldades vivenciadas pelos sujeitos considerados loucos, ao enfrentar desafios na lida com o cotidiano e suas relações. Em muitas dessas, encontros semanais em um consultório, como é típico ao processo de psicoterapia ou psicanálise, não eram suficientes. Percebeu-se, portanto, a necessidade de que a clínica saísse do consultório e fosse junto ao paciente acessar o mundo, refazer e construir laços, enfrentar “fantasmas”, superar obstáculos.


Atualmente, o A.T. é usado em diversos casos, visando a diferentes formas de tratamentos. As intervenções por meio deste modelo podem acontecer em quadros de depressão grave, crises de ansiedade e pânico crônicas, tratamento de dependências químicas, fobias sociais, comportamentos inadequados, acumuladores compulsivos, quadros esquizofrênicos ou delirantes crônicos, dentre outros. A gama de possibilidades é vasta, abrindo também um enorme espectro de possibilidades ao sujeito em tratamento a partir de um acompanhamento próximo, atento, ouvinte e aberto.


Por fim, o A.T. abriu há algumas décadas as portas do consultório para fora. Permitiu com o deslocamento físico do lugar do terapeuta, também um deslocamento em sua posição na perspectiva simbólica e clínica. Favorece, através da escuta e do acompanhamento, a construção de autonomia psíquica, força simbólica e manutenção de diversos aspectos na vivência em sociedade. Atua como facilitador de processos de inclusão, organização mental e espacial, buscando viabilizar a construção de novas redes de relações, retificações subjetivas e o consequente deslocamento das posições patológicas.

 
 
 

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